sábado, 13 de maio de 2017

Quando seu dinheiro acaba por Gustavo Tanaka




Quando seu dinheiro acaba

Esse é um texto que eu queria ter escrito um bom tempo atrás.
Mas eu quis ter mais clareza antes de escrever. Queria dominar o assunto antes de poder falar sobre um tema tão delicado e que sei que amedronta muita gente.
Acontece que se eu esperar dominar um assunto para escrever, eu nunca vou escrever. Porque esse não é o meu lugar. Eu não sou o especialista que ensina. Eu sou o aluno que aprende junto.
Por isso vou escrever enquanto tomo consciência sobre o que me aconteceu.


Gustavo Tanaka

gustavotanaka.com.br
Vivemos em uma sociedade baseada no dinheiro.
Quem tem dinheiro tem liberdade. Quem não tem dinheiro não é tão livre assim.
Quem tem dinheiro tem paz. Quem não tem dinheiro não dorme direito.
Quem tem dinheiro pode ajudar os outros. Quem não tem dinheiro não consegue nem se ajuda direito.
Quem tem dinheiro consegue ser criativo e pensar fora da caixa. Quem não tem dinheiro, não consegue pensar outra coisa senão em como vai pagar as contas.
Quem se tem dinheiro, consegue vibrar no amor. Quem não tem dinheiro vibra no medo.
Isso é o que eu sempre pensei. Eu vivenciei e respirei esse medo e essas dificuldades de quem não tem dinheiro quando meu dinheiro acabou.
O dinheiro acabou, a conta ficou negativa, o limite estourou, o banco negou empréstimo, a fatura do cartão de crédito estourou.
E aí nesse momento você eu fui tomado por uma série de sentimentos que eu nem sabia que existiam dentro de mim.
Medo. Vergonha. Decepção. Ansiedade. Falta de confiança. Falta de autoestima. Medo dos outros. Medo da vida.
E o que eu aprendi com tudo isso, depois de ter passado e saído dessa situação?
1- Confiar no divino e não na conta bancária
Em um desses apertos que passei, estava quase sem dinheiro na carteira e sem possibilidade de passar no cartão. Precisava me locomover, pois estava fora de São Paulo. Comecei a fazer contas se poderia pegar um taxi, ou se deveria descobrir como pegar um ônibus naquela cidade.
Enquanto criava esses cenários na minha cabeça, a pessoa que estava trabalhando comigo se ofereceu para me dar uma carona, mesmo sendo totalmente fora de sua rota. Sem eu pedir ou falar nada.
Nesse momento, minha consciência me disse: Você tem que confiar no plano divino e não na sua conta bancária.
Desde então tenho percebido que devo desassociar a possibildade de fazer coisas de quanto dinheiro eu tenho. Não tem relação a capacidade de fazer com quanto dinheiro você tem.
Você não precisa ter o dinheiro para fazer nada. Mas confiar que as peças vão se encaixar e que o plano divino vai te colocar as pessoas que podem te ajudar. Mesmo que você não consiga pagar.
É um tanto quanto trabalhoso conseguir confiar nisso. Desde que “recebi” essa informação, tenho observado quantas crenças e padrões de programação eu ainda tenho.
Se a sua confiança estiver na sua conta bancária, vai chegar um momento em que ela vai acabar. Pode acontecer um acidente, uma doença, uma fatalidade, ou uma crise e aquela sua confiança vai embora porque seu saldo ficou menor. Mas se por outro lado, sua confiança for no mundo invisível não importa o que acontecer, você vai continuar com ela.
É se lembrar que não somos nós que estamos no controle de tudo. Existe uma inteligência por trás, movendo todas as peças.
2- Medo de falar sobre o dinheiro, afasta
Quando eu fico com medo de falar sobre dinheiro, eu crio resistência. Quando eu fico com receio de cobrar por um serviço, de pedir um cachê mais alto, ou de cobrar alguém que me deve, eu estou criando uma situação em que torno o dinheiro uma energia negativa que me traz mal estar.
Mas quando consigo falar livremente e abertamente, eu sinto essa energia fluir melhor.
O mesmo acontece com o medo de olhar a conta bancária. Cada vez que você evita olhar para a conta ou não tem clareza de quanto dinheiro você tem, você cria uma resistência. Sua vibração muda. E é essa relação que precisamos ressignificar. Para poder ter uma relação mais leve com o dinheiro e com sua conta.
Para mim, escrever esse texto já é em si uma libertação, porque é um tema sobre o qual ainda não escrevi.
3 — Você descobre quem pode te ajudar
Tem pessoas que vão te julgar por ser irresponsável e deixar o dinheiro acabar. Tem pessoas que vão te achar menos capaz e vão duvidar de você. E tem pessoas que vão naturalmente se afastar.
Mas quando seu dinheiro acaba e você começa a falar sobre isso com algumas pessoas, você vê que tem outras que te apoiam incondicionalmente. Pessoas que vão estar sempre ao seu lado, dispostas a inclusive contribuir financeiramente ou te ajudar a abrir portas para que sua situação financeira mude.
Algumas pessoas inclusive contam suas histórias de quando ficaram sem dinheiro e isso cria uma empatia muito profunda. Quando duas pessoas se conectam na vulnerabilidade, a conexão é muito mais forte.
4 — Você aprende a ter humildade
Ficar sem dinheiro é um negócio que mexe com a autoestima de qualquer um.
Eu vim de uma família de classe média alta e sempre tive acesso a tudo que quis. Sou muito grato aos meus pais. Com 18 anos comecei a trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro. E por mais de 10 anos sempre tive meu dinheiro e pude fazer o que tinha vontade.
Em 2015 quando passei por minha maior crise, eu me vi frágil. Eu que me achava um superprofissional, um executivo promissor, um grande empreendedor me vi frágil. Me senti uma criança pequena, sem saber o que fazer. Dependendo das respostas da vida. Dependendo da vida, como uma criança depende de sua mãe.
Nesse momento todas as máscaras caem. Nesse momento, aquela imagem que você projetou de si mesmo deixa de fazer sentido. E eu vi como nós, seres humanos somos pequenos.
Eu vivia acreditando nas fórmulas do sucesso, no poder do self made man, no poder da mente e da disciplina. E ali me vi longe de tudo isso. Foi nesse momento que minha conexão com a espiritualidade se estabeleceu.
Foi nesse momento de entrega que tudo mudou.
Eu aceitei que eu não tinha o controle. Que existia algo maior por trás de tudo isso. E algo maior me preparando para o meu caminho. Foi nesse momento que comecei a escrever…
5- Você se abre para os milagres
Eu comecei a perceber as sincronicidades da vida quando vi coisas acontecerem sem eu ter dinheiro.
Eu achava que quando fosse um milionário, eu poderia fazer o que eu quisesse e receberia convites de todos os lados para contar minha história de sucesso.
Eu teria dinheiro, poder e status.
Mas foi quando fiquei sem dinheiro, que minha fé se reestabeleceu. A confiança na vida e no plano divino fez eu me abrir para coisas que eu nem imaginava que poderiam acontecer. Convites para palestras, texto viralizando na internet, mensagens inesperadas, presentes na portaria do meu prédio, doações de dinheiro de pessoas que eu nem conhecia.
A vida é mágica. Ela opera por mecanismos que nossa mente racional não é capaz de prever.
E é somente quando aceitamos que não temos tanto poder ou controle que nos abrimos para esse milagres (ou sincronicidades). Enquanto você achar que é do seu jeito, você está fechado para esses milagres.
6- Você se conhece de verdade
Quando meu dinheiro acabou, eu me vi exposto. Nu. Diante de mim mesmo. Diante das minhas sombras e dos meus medos.
Eu tentei fugir, não olhar e fingir que eles não existiam. Mas eu não tive o que fazer. Quando olhei para eles, vi que eles eram menores do que eu imaginava. Vi que eu poderia lidar com minhas sombras. Vi que era natural sentir aquelas emoções negativas.
Eu as acolhi, olhei para cada sentimento, conversei com eles, como quem troca uma ideia com um amigo de longa data. E eu honrei a existência deles. Cada sentimento negativo me protegeu de alguma situação na vida.
Não negue suas emoções. Olhe para ela e as acolha.
Hoje eu sei que ficar sem dinheiro foi um grande presente que recebi da vida.
Ficar sem dinheiro não é legal. Tira o sono. Tira a paz. Traz o medo e remove a autoconfiança.
Mas quando você aprende a lidar com isso. A lidar com o que acontece dentro de você. Quando você aceita, para de lutar, resistir, se lamentar e consegue entregar, aí o esforço vai embora.
É tudo um jogo de cura. Cura dos padrões e das programações e condicionamentos da nossa sociedade. Cada desafio te dá a possibilidade de se conhecer de verdade, de remover crenças e se libertar de traumas.
A vida é um presente. Abra sua conta bancária, olhe para ela e ressignifique tudo o que esse saldo significa para você.

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